13 de jun. de 2012

Madeira Island Ultra Trail


Foi com agrado que recebi o convite da organização do MIUT para participar no desafio de atravessar toda a fantástica Ilha da Madeira, prova que vai ano após ano ganhando mais participantes devido às deslumbrantes paisagens deste cenário que é a Madeira.
 
A edição de 2012 batia novo recorde de participações, cerca de 300 participantes e colocava um grande desafio a toda a organização que soube responder com grande profissionalismo e simpatia a todos pedidos e solicitações que lhes eram colocados, mesmo com poucos recursos disponíveis o que é de lamentar porque esta região tem condições Naturais únicas para esta prática de turismo activo.
  A minha participação no MIUT era uma oportunidade de correr num local único e desfrutar de toda aquela beleza assim como da simpatia e amizade de pessoas amigas que ali vivem, depois de uns dia de turismo com o Grande Amigo e Grande Atleta Leonardo Diogo chegava a hora de correr mais 106km com subidas e descidas brutais. 
Depois da Marathon des Sables e UTAC que me causou um grande desgaste físico sabia que teria que partir com calma e ir avaliando os sinais do meu corpo, assim o fiz e os primeiros km’s foram feitos na companhia do meu cunhado José Pereira (sensação da prova com o 5º lugar da geral) e outros amigos Peixoto e Bruno, à medida que os km’s iam passando ganhava posições não por aumentar o ritmo mas por os outros atletas se resguardarem.
Já nesta altura sentia cólicas e dores de estômago, o jantar foi massa esparguete com atum às 19h muito cedo na minha opinião uma vez que fiquei cinco horas sem comer, pouco antes da partida com bastante fome comi meia saca de 150g de cajus salgados que levava para a prova, fui bebendo coca-cola e isotónico portanto tudo normal ou pelo mesmos deveria ser mas depois do primeiro abastecimento 12km’s fui piorando e volta e meia encostava para ir à “casa de banho”, no abastecimento seguinte tomo um Imodium Rápid e comi duas boas canjas, o director de prova (Nuno) diz-me que vou em segundo e que o Armando estava a +/- 20min e ia esperar por mim para gerirmos o esforço juntos a fim de não nos desgastar-mos muito, confiante que iria melhorar lá sai a correr descontraído afinal já tinha passado por coisa bem pior em outros recentes e enormes desafios.
A travessia do Pico do Arieiro Pico Ruivo foi feita praticamente toda a passo, descer aqueles degraus causava-me um impacto no estomago e uma dor quase insuportável, não consegui comer nem beber mais nada até ao km 59 onde decidi desistir, se o meu objetivo era desfrutar da Madeira não era isso que estava a acontecer e com o calor que já se fazia sentir às 9h da manhã seria completamente irresponsável continuar em prova, mesmo que nunca tenha desistido anteriormente, tinha prometido (mesmo que às vezes seja difícil de cumprir) ao meu treinador e amigo Paulo Pires que a pouco mais de dois meses do Monte Branco não iria correr riscos, portanto acho que fiz a melhor opção.
O Armando mesmo depois de sofrer uma queda consegui-o se concentrar na sua prova e fazer um grande teste antes do nosso grande desafio do ano, eu, ele e o Paulo Pires temos um sonho em comum meter dois Portugueses no Top 10 do mais prestigiado desafio do Mundo, que a sorte nos acompanhe.
 
À organização do MIUT agradeço a forma como me trataram e prometo voltar para acabar o que comecei, espero que cumpram o vosso sonho que é fazer colocar a Madeira na rota das grandes provas Europeias, força e Parabéns uma vez mais.     
       

6 comentários:

  1. Já o disse no Facebook, abandonar faz parte, é um risco inerente a uma prova de longa duração...sabes como começas, nunca sabes como acabas. O que distingue "uns" de "outros", é precisamente como se começa o dia após um abandono, e o Sá faz parte dos que que começa esse dia a treinar. Que a motivação esteja contigo! Abraço

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  2. Também aqui se vê o respeito que se tem quando se enfrenta colossos de prova como esta e também o respeito que o nosso organismo nos merece quando chega a hora de optar por uma decisão difícil em momentos mais negros que vamos atravessando. Tens essa noção e ainda bem que em tempo e enquanto se tem descernimento a opção foi parar. Parabéns e boa sorte para o que aí vem. Abraço

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  3. Eh pá realmente os cozinheiros não foram lá grande espingarda
    Grande abraço

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  4. Caro, Carlos

    Como sabes tu és uma referência para a malta do trail.
    Muitos de nós tem o preconceito de desistir mesmo quando o corpo nos dá sinais para o fazermos. Deste modo, parece-me que a tua desistência vai servir de pedagogia e foi uma excelente contribuição para o trail nacional!
    Abraço,
    José Capela

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  5. És grande Carlos Sá...parabéns por saberes desistir. Força e o Monte Blanc vos espera ;-)

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  6. Boa Sorte para MONT BLANC, toda a sorte do mundo para mais uma duríssima prova. Os madeirenses e portugueses em geral estão convosco, para nos possibilitarem mais um momento de alegria para compensar este clima de austeridade e dificuldade em que vivemos....FORÇAAAAAAAAA e Esperança...

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